sexta-feira, novembro 23, 2007

Marcelo Tas

Não tenho nada pessoal contra Marcelo Tas. Já fui muito, mas muito fã de um personagem que ele criou, o repórter non-sense Ernesto Varela. No começo da década de 80, fazia minha mãe, que detinha o controle da televisão, deixar de assistir ao filme da Globo do sábado a noite e sintonizar na Gazeta, que exibia o 23º Hora, programa em que Varela aprontava das suas.

Só não posso concordar com os prêmios dados ao seu Blog do Tas pelo jurí como melhor blog de língua portuguesa, concedido pela Deustche Welle, que todo ano promove o BOBs (The Best of The Blogs) Awards.

O BOBs tem duas subdivisões. Uma é o prêmio do júri e a outra é o prêmio do público, que faz a escolha através de votação aberta no site. O Blog do Tas ganhou também no voto direto. Eu costumo ter dois pés atrás com relação a votações pela internet e o principal motivo é que, em certas eleições, o voto é ilimitado. Ou seja, o internauta pode votar quantas vezes desejar. Foi o caso aqui. Não é preciso ser nenhum especialista para sacar que o resutlado final é tremendamente distorcido. Que tal limitar a votação apenas por IP da próxima vez?

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Vejam só a qualidade dos comentários de Marcelo Tas. Vou destacar dois trechos do post que ele fez sobre a partida Brasil x Uruguai, válida pelas eliminatórias da Copa. Vamos ao primeiro:

"Kaká não tem sangue suficiente nas veias para ser titular. OK, eu sei, você vai dizer que ele é um craque no Milan, é bonitinho, etc e tal... mas, definitivamente, o garoto amarela com a amarela. Entendido?"

Tas se esquece de um pequeno detalhe. Kaká é apenas o artilheiro da seleção nessa competição, com três gols até aqui. Se isso é amarelar…

Mais uma:

"Mais um pitaco: qual time o Dunga dirigiu como técnico antes de ser técnico da seleção? As vezes dá para entender por que no futebol as perguntas mais básicas nunca são respondidas. Porque nunca são feitas".

Está bem, pode até se discutir a capacitação de Dunga para dirigir a seleção, mas não dá para negar que ele tem estrela. Fez uma alteração que praticamente determinou a vitória da seleção brasileira em mais uma partida complicada. E se o treinador fosse teimoso (como é Parreira, só para citar um exemplo) ao manter Wagner Love entre os titulares e não colocasse Luis Fabiano?

Os comentários que eu destaquei poderiam muito bem estar em blogs furrecas de torcedores, mas não. Eles estão no melhor blog de língua portuguesa, escolhido pelo júri da Deutsche Welle. Mais senso comum, impossível.

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Depois que Tas aposentou Ernesto Varela, ele passou a interpretar um outro tipo de personagem: o de palpiteiro sobre os mais variados assuntos dentro de um leque que vai, por exemplo, desde a teoria da comunicação, passando pelo cinema, pela política, e chegando até o futebol. Para tudo ele tem uma opinião. No entanto, suas análises não tem um único "plus a mais", não se destacam, não fazem a diferença. Dá saudades do Varela.

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E aí, entra outra questão: como é feita a escolha do júri? Apenas uma brasileira, a hoje vereadora Soninha Francine, faz parte dele. Os outros integrantes são de diversas nacionalidades, que certamente não devem entender muita coisa do português escrito e falado do Brasil. Em seu blog, Soninha explicou sua função: "Minha missão é apresentar os finalistas em português para os demais jurados (são dez idiomas no total) e votar em todas as categorias". No que diz respeito à primeira atribuição, não seria responsabilidade demais para uma jurada só? A Deusche Welle poderia rever esse critério e regionalizar ao máximo os júris.

 
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